Irmã Emmanuelle



O adeus da França à Irmã Emmanuelle (Artigo)


Gilles Lapouge*
 Noite de 19 de outubro; na casa de repouso onde aguarda completar cem anos, Irmã Emmanuelle prepara-se para dormir. À enfermeira que lhe deseja boa-noite, responde: "Não sei se a verei amanhã." Pela manhã, é encontrada morta.
A França decreta imediatamente uma de suas celebrações repletas de fausto. A figura comovente da amiga "dos catadores de lixo do Cairo" toma a primeira página dos jornais. 
É verdade que ela adorava a TV. Cada aparição sua fazia subir os índices de audiência. Gostava de provocar, de chocar. Seus melhores amigos eram os grandes produtores da TV. 
A biografia da santa Irmã era escrita ao vivo, sob os olhos fascinados dos franceses. Nascida em família abastada franco-belga, foi brilhante na escola. Era bonita, os meninos a deixavam curiosa. Mas Jesus foi mais forte, pois Jesus, todos sabem, quando encontra uma presa, não a larga mais. Ao tomar o hábito, assumiu o nome de Emmanuelle (Deus está conosco, em hebraico). 
Quando se aposentou, o destino dessa mulher, já notável, tornou-se extraordinário. Decidiu cuidar de leprosos, mas não conseguiu autorização. Foi então viver entre catadores de lixo do Cairo. Nenhum estrangeiro entrava na favela de Ezbet el-Nakhal, por causa dos bandidos, do fedor, das doenças, da morte. Ela chegou em 1971, com seu agasalho cinza, seu tênis azul, sua jovialidade, sua coragem louca. Um catador emprestou-lhe sua cabana. 
E ela atacou o horror. Criou um jardim de infância para crianças pobres. Uma pequena escola, um colégio, uma usina de compostagem, um hospital. Investiu então em outro local. Foi ao Sudão. Cuidou da favela de Meadi Tora. 
Precisando de recursos, pediu, impôs, fez até uma viagem aos EUA. Conseguiu U$ 10 milhões. Ela tinha uma lábia incrível, até para falar da Igreja, do papa. Não gostava de tudo o que vinha de Roma. Particularmente a respeito das mulheres, que a Igreja "jamais compreendeu". A obstinação do Vaticano nas questões do sexo parecia-lhe um crime.  
Escreveu a Bento XVI para dizer que a condenação da contracepção, da PÍLULA, do PRESERVATIVO era um erro. Ela testemunhara coisas demasiado horríveis no Cairo, o martírio dessas meninas violadas, grávidas, para aceitar que, em nome do dogma, milhões de crianças fossem condenadas à morte.  
"O papa respondeu?" perguntaram-lhe. Ela riu, e erguendo os olhos ao céu disse: "Claro que não! Afinal, é o papa!"

Chico Xavier



Francisco Cândido Xavier nasceu em Pedro Leopoldo (MG), no dia 2 de abril de 1910. Filho de operário inculto e de humilde lavadeira, ficou órfão de mãe aos cinco anos de idade. Seu pai se viu obrigado a entregar alguns dos seus nove filhos aos cuidados de pessoas amigas e Chico Xavier ficou com sua madrinha, mulher nervosa que o maltratava cruelmente. Nos seus momentos de angústia, um anjo de Deus, que fora sua mãe na Terra, o assistia, quando, desarvorado, orava nos fundos do quintal: "Tenha paciência, meu filho! Você precisa crescer mais forte para o trabalho. E quem não sofre não aprende a lutar". O menino aprendeu a apanhar calado, sem chorar. Diariamente, à tarde, com vergões na pele e o sangue a correr-lhe em delgados filetes pelo ventre, ele, de olhos enxutos e brilhantes, se dirigia para o quintal, a fim de reencontrar a mãezinha querida, vendo-a e ouvindo-a, depois da oração. Algum tempo depois, terminou seu martírio. Seu pai casou-se novamente e sua madrasta, alma boa e caridosa, o recolheu carinhosamente, a ele e a todos os irmãos que estavam espalhados. A situação era difícil. A guerra acabara e graçava a gripe espanhola. O salário do chefe da família dava escassamente para o necessário e os meninos precisavam estudar. Foi então que a boa madrasta teve uma idéia: plantar uma horta e vender os legumes. Em algumas semanas, o menino já estava na rua com o cesto de verduras. Desta forma, conseguiram encher o cofre e voltar a frequentar as aulas. Em janeiro de 1919 Chico Xavier começou o ABC. Com a saída do chefe da casa para o trabalho e das crianças para a escola, a madrasta era obrigada, algumas vezes, a deixar a casa a sós, pois precisava buscar lenha à distância. Foi então que surgiu um problema: a vizinha, se aproveitando da ausência de todos, passou a colher a verduras e, sem verduras, não haveria dinheiro para as despesas da escola. Preocupada, a madrasta, não querendo ofender a amiga, pediu a Chico Xavier que, pedisse um conselho ao espírito de sua mãe. À tardinha, o menino foi ao quintal e rezou como fazia sempre que queria conversar com sua mãe e lhe contou o problema. Sua mãe lhe disse que realmente não deviam brigar com os vizinhos e lhe deu uma sugestão: toda vez que sua madrasta se ausentasse, que desse a chave de casa à vizinha, para que ela tomasse conta da casa. Dessa forma, a vizinha, responsável pela casa, não tocou mais nas hortaliças. Passados todos esses problemas, o menino não viu sua genitora com tanta frequência. Mas passou a ter sonhos. À noite, levantava-se agitado e conversava com locutores invisíveis. De manhã, contava as peripécias de pessoas mortas, coisas que ninguém podia compreender! O pai resolveu levá-lo ao vigário de Matozinhos, que, após ouvi-lo, recomendou que o garoto não lesse mais jornais, revistas, livros. Disse-lhe que ninguém volta a conversar depois da morte e que era o demônio que lhe estava perturbando. O menino chorava nos braços de sua madrasta, criatura piedosa e compreensiva. Ao conversar com sua mãe, triste por não ser compreendido por ninguém, escutou dela que precisava modificar seus pensamentos, que não deveria ser uma criança indisciplinada, para não ganhar antipatia dos outros. Deveria aprender a se calar e que, quando se lembrasse de alguma lição ou experiência recebidas em sonho, que ficasse em silêncio. Precisava aprender a obediência para que Deus, um dia, lhe concedesse a confiança dos outros. E durante 7 anos consecutivos, de 1920 a 1927, ele não teve mais qualquer contato com sua mãe. Integrado na comunidade católica, obedecia às obrigações que lhe eram indicadas pela Igreja. Confessava-se, comungava, comparecia pontualmente à missa e acompanhava as procissões. Em 1923 terminou o curso primário, no Grupo. Levantava-se às seis da manhã para começar, às sete, as terefas escolares e entrando para o serviço da fábrica às três da tarde, para sair às onze da noite. Em 1925 deixou a fábrica, empregando-se na venda do Sr. José Felizardo Sobrinho, onde o trabalho ia das seis e meia da manhã às oito da noite. As perturbações noturnas continuaram. Depois de dormir, caía em transe profundo. Em 1927 uma de suas irmãs caiu doente. Um casal de espíritas, reunido com familiares da doente, realizaram a primeira sessão espírita que teve lugar na casa. Na mesa, dois livros: "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e o "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec. Pela mediunidade de D. Carmem, sua mãe manifestou-se: "Meu filho, eis que nos achamos juntos novamente. Os livros à nossa frente são dois tesouros de luz. Estude-os, cumpra com seus deveres e, em breve, a bondade divina nos permitirá mostrar a você seus novos caminhos. " A primeira e única professora de Chico que descobriu sua mediunidade psicográfica foi D. Rosália. Fazia passeios campestres com os alunos que deveriam, no dia seguinte, levar-lhe uma composição, descrevendo o passeio. A de Chico tirava sempre o primeiro lugar. Desconfiada, D. Rosália, um dia, fez o passeio mais cedo e, na volta, pediu que os alunos fizessem a composição em sua presença. Chico, novamente, tira o primeiro lugar, escrevendo uma verdadeira página literária sobre o amanhecer e daí tirando conclusões evangélicas. Rosália mostrou aos amigos íntimos a composição e todos foram unânimes em reconhecer que aquilo, se não fora copiado, era então dos espíritos. Ao entrar para o funcionalismo público, como datilógrafo, na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, começa a demonstrar sua admiração pela natureza. Distante 6 quilômetros da cidade, em contato com a natureza, ama até as pedras e os montes pensativos. Vê em tudo poesia e oração, trata as árvores como irmãs e compreende como poucos a alma do grande todo. Vê em tudo poesia e vida, verdade e luz, beleza e amor e, acima de tudo, a presença de Deus! Em maio de 1927 foi realizada a primeira sessão espírita no lar dos Xavier, em Pedro Leopoldo. Em junho do mesmo ano foi cogitada a fundação de um núcleo doutrinário. Em fins de 1927 o Centro Espírita Luiz Gonzaga, sediado na residência de José Cândido Xavier, que se fez presidente da instituição, estava bem frequentado. As reuniões se realizavam às segundas e sextas-feiras. A nova sede do Grupo Espírita Luiz Gonzaga foi construída no local onde se erguia, antigamente, a casa de Maria João de Deus, genitora de Chico Xavier. Em 8 de julho de 1927, Chico Xavier fez a primeira atuação do serviço mediúnico, em público. Seu primeiro livro psicografado foi publicado em 1931. Em 1931, Chico passou a receber as primeiras poesias de "Parnaso de Além -Túmulo", que foi lançado em julho de 1932. Em 1950, Chico Xavier havia recebido, pela sua psicografia, mais de 50 ótimos livros. Vivia no apogeu de triunfos mediúnicos. Estava conhecidíssimo no Brasil e no mundo inteiro. O Parnaso de Além Túmulo, por si só, valia pelo mais legítimo dos documentos, validando-lhe o instrumental mediúnico, o mais completo e seguro que o Espiritismo tem tido para lhe revelar as verdades, inclusive o intercâmbio das idéias entre os dois Mundos. Além disso, recebera romances , livros e mais livros, versando assuntos filosóficos, científicos e, sobretudo, realçando o espírito da letra dos Evangelhos, escrevendo e traduzindo, de forma clara e precisa, as Lições consoladoras e imortais do Livro da Vida. Em 5 de janeiro de 1959 mudou-se para Uberaba, sob a orientação dos Benfeitores Espirituais, iniciando nessa mesma data, as atividades mediúnicas, em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã. Deu ele, então, início à famosa perigrinação. Aos sábados, saindo da "Comunhão Espírita-Cristã", o bondoso médium visitava alguns lares carentes, levando-lhes a alegria de sua presença amiga, acompanhado por grande número de pessoas afinizadas. Sob a luz das estrelas e de um lampião que seguia à frente, iluminando as escuras ruas da periferia, ia contando fatos de grande beleza espiritual. A cidade de Uberaba, desde a sua vinda para cá, transformou-se num pólo de atração de inúmeros visitantes das mais variadas regiões do Brasil, e até mesmo do exterior, que aqui aportam com o objetivo de conhecer o médium. Aqueles que conhecem a sua vida e a sua obra não medem distâncias para vê-lo. Seu trabalho sempre consistiu na divulgação doutrinária e em tarefas assistenciais, aliadas ao evangélico serviço do esclarecimento e reconforto pessoais aos que o procuram. Os direitos autorais de seus livros publicados, em torno de 340, são cedidos, gratuitamente, às editoras espíritas ou a quaisquer outras entidades. Quanto à fortuna material, ele continua tão pobre quanto era. Chico é um homem aposentado e recebe somente os proventos de sua aposentadoria. Do ponto de vista espiritual, Chico Xavier é, a cada dia que passa, um homem mais rico: multiplicou os talentos que o Senhor lhe confiou, através de seu trabalho, de sua perseverança e da sua humildade em serviço. Com a saúde debilitada, Chico Xavier vem confirmando, nos últimos tempos, a sua condição de um autêntico missionário do Cristo, pois impossibilitado de comparecer às reuniões do Grupo Espírita da Prece, ele tem reunido as forças que lhe restam para continuar, em casa, a tarefa da psicografia. E, embora debilitado, continua de ânimo firme e a alma com grande capacidade de trabalho. Chico Xavier ama a tarefa que o Senhor lhe concedeu.


Artigo Especial: Chico Xavier morre em Uberaba aos 92 anos (30/06/2002 - 21h03)
Chico Xavier, o médium brasileiro mais famoso, morreu no início da noite deste domingo, na cidade mineira de Uberaba (494 km de Belo Horizonte), aos 92 anos. Ele foi encontrado no quarto pelo filho adotivo, Eurípedes Humberto. Segundo a família, ele sofreu uma parada cardíaca, após reclamar de dores no peito e nas costas durante a manhã. Autor de mais de 400 livros, lançados por editoras espíritas e traduzidos para vários idiomas, Chico Xavier personifica o espiritismo no Brasil. Popular, era sempre visitado por artistas e políticos. Recebia todos com um sorriso e um beijo na mão. O velório deverá ser no Centro Espírita Casa da Prece, em Uberaba. Não foi definido ainda onde ele será enterrado. Francisco Cândido Xavier nasceu no dia 2 de abril de 1910 na cidade mineira de Pedro Leopoldo. Pedro Leopoldo ficou conhecida nacionalmente a partir da década de 30, com as notícias sobre as sessões mediúnicas de Chico Xavier. Segundo a Federação Espírita do Brasil, Chico Xavier participou de sua primeira reunião espírita em 7 de maio de 1927. Seu primeiro livro "Parnaso de Além-Túmulo" foi publicado em 1932. Desde cedo, sua saúde foi frágil. Teve problemas nos pulmões, consequência de seu trabalho em uma tecelagem. No ano passado, ele sofreu uma grave pneumonia. Em 1981, cerca de 10 milhões de brasileiros assinaram manifestos para que ele recebesse o prêmio Nobel da Paz.
Fonte:
Site Chico Xavier (Biografia)

Abbé Pierre


A primeira vocação de Henri Antoine Groués (este é o nome de baptismo do Abbé Pierre) foi franciscana: ingressou na ordem dos capuchinhos, mas saiu poucos anos depois, por motivos de saúde, sendo admitido no clero de uma diocese francesa. A sua alma ficou sempre fortemente marcada pelo amor à pobreza e aos mais desprotegidos. Viveu os primeiros anos de sacerdócio no período da Segunda Guerra Mundial, dedicando-se ao salvamento de pessoas da polícia secreta nazi: falsificava passaportes, e ajudava judeus e cidadãos da Polónia a passar afronteira. Organizou um grupo de resistência armada até ser preso, mas conseguiu fugir escondido num saco do correio, num avião para a Argélia.
Em 1949, já enquanto deputado Abbé Pierre vivia numa casa que ele próprio restaurou e onde começou a caminhada de Emmaús, acolhendo pessoas com dificuldade, desde jovens a indivíduos sem-abrigo. Foi no decorrer deste ano que fundou o que viria a ser Emmaús Internacional, iniciativa que parte de um momento crucial na sua vida, o encontro com George Legaey no momento em que este estava quase a suicidar-se. Emaüs nasce como uma iniciativa que pretende “ agir para que cada pessoa, sociedade ou nação possa viver e afirmar-se num mundo de partilha e de dignidade igualitária.”
Em 1951, Pierre deixa a Assembleia Nacional por protesto contra uma lei eleitoral. De agora em diante, dedica-se inteiramente ao Movimento Emaüs, que havia iniciado dois anos antes. A sua actividade dividia-se entre a multiplicação das Comunidades Emaüs e contínuas viagens, palestras e encontros, lançando campanhas em favor dos mais desprotegidos, encontrando-se com chefes de estado e representantes das mais diversas Igrejas e religiões.
Em 1953, a Associação Emaüs é criada com vista a organizar o movimento. Apesar de ser uma associação fundada por um padre cristão, ela mantêm-se neutra a nível religioso, de modo assegurar a admissão de pessoas de todas as etnias ou religiões, prestando auxílio a todos aqueles que necessitam independentemente de tudo o resto.
A seguir à destruição provocada pela Segunda Grande Guerra, revoltado ao constatar que num país rico como a França morriam, devido ao frio, pessoas que dormiam na rua, falou aos microfones da Rádio Luxemburgo (RTL), para recolher apoio e salvar os mais pobres de uma morte certa. Chocou a França, ao contar a história de uma mulher que morrera na rua segurando um papel ordenando a sua expulsão do abrigo donde se encontrava anteriormente. Deu-se o que viera a ser chamada a “Insurreição da Bondade”, surgindo uma enorme vaga de solidariedade, angariando-se cerca de 2 000 toneladas de mantimentos, que até serviram depois para ajudar a alicerçar o movimento. Começou, um longo período onde Abbé Pierre ganhou peso não só na opinião pública, como também no poder político.
Nos dias a seguir a esta grande iniciativa, são fundadas as instituições basilares de Emaüs: HLM Emmaüs, Association d’Emmaüs et Confédération générale du Logement e SOS Famille Emmaüs.
Em 1984 dá-se mais um acontecimento importantíssimo para a vida de Abbé Pierre. Num Inverno terrível, morrem por hipotermia, frio ou problemas psicológicos cerca de 50 pessoas sem-abrigo. Afinal, 30 anos depois daquele Inverno que depois levara ao despoletar de Emaüs, a França falhara em matéria de realojamento. De novo, Abbé Pierre aparece como a voz da revolta contra a miséria social, apoiado pelo jornal “ France Soir” lança uma campanha mediática que mobilizara novamente os franceses para a resolução destes problemas. As Comunidades Emaüs formadas por companheiros e voluntários de Neuilly-PlaisanceNeuilly-sur-MarnePlessis-Trévise, de Bougival e de Bernes-sur-Oise, tentaram responder a esta crise, distribuindo mantimentos na capital francesa.
Abbé Pierre vivera o resto dos seus dias numa comunidade junto com pessoas idosas e doentes do Movimento, esperando “as grandes férias”, como ele definia a viagem definitiva. Porém, não ficava trancado. Quando alguma necessidade o chamava, saía para defender os direitos dos imigrantes, dos que não têm casa, ocupando praças e casas não alugadas, obrigando as autoridades a encontrarem uma solução definitiva.
Fez várias publicações pessoais, e em conjunto com o ex-ministro da saúdefrancês Bernard Kouchner escreveu o livro "Deus e os homens" (Dieu et les hommes).
Neste ano em que ele parte, deixa uma congregação de vários movimentos Emaüs presentes em vários países de quatro continentes, complementando o esforço dos membros de Emmaús com os voluntários, agindo não só no domínio social, mas também ao nível político, lutando contra a escravatura moderna e as descriminações sociais, e pelo realojamento dos refugiados vítimas de todo o tipo de catástrofes.

São Vicente de Paulo



Nasceu no dia 24 de abril de 1581; foi batizado no mesmo dia de seu nascimento.
Era o terceiro filho do casal João de Paulo e Bertranda de Morais. Seus pais eram agricultores e muito religiosos. Todos os seis filhos receberam o ensino religioso de sua mãe.
Vicente nasceu na aldeia de Pooy, perto da cidade de Dax, sul da França. Seus dois irmãos mais velhos ajudavam os pais na lavoura e Vicente era pastor de ovelhas e de porcos. Desde pequeno, demonstrava muita inteligência e grande religiosidade. Em frente à sua casa, em um pé de carvalho, tinha um buraco; ele colocou aí uma pequena imagem da Santíssima Virgem, onde diariamente ajoelhava e fazia uma oração.Diariamente conduzia os animais para melhores pastagens, onde ficava a vigia-los. Aos domingos ia à aldeia, com seus pais, para assistir a missa e frequentar o catecismo.
O Sr. Vigário aconselhou a seu pai para colocar o garoto Vicente em uma escola; via nele um grande futuro, devido sua inteligência. O pai, que era bem ambicioso, colocou-o em um colégio religioso, desejando que ele fosse padre e ser o arrimo da família. Foi matriculado em um colégio de padres Franciscanos, na cidade Dax, onde ele fez os estudos básicos.
Para seguir a carreira sacerdotal fez os estudos teológicos na Universidade de Tolusa. Foi ordenado sacerdote em 23 de setembro de 1600. Continuou os estudos por mais 4 anos, recebendo o título de Doutor em Teologia.
Uma viúva que gostava de ouvir as suas pregações, ciente de que ele era pobre, deixou para ele sua herança, pequena propriedade e determinada importância em dinheiro, que estava com um comerciante em Marselha.
Ele foi atrás do devedor, encontrando-o recebeu grande parte do dinheiro; ia regressar de navio, por ser mais rápido e mais barato. Na viagem o barco foi aprisionado por barcos de piratas turcos, e levados para a Turquia. Em Tunis foram vendidos como escravos.
Vicente foi vendido para um pescador, depois para um químico; com a morte deste, ele passou pra um seu sobrinho, que vendeu-o para um fazendeiro (um renegado) que antes era católico, e com medo da escravidão, adotara a religião muçulmana. Ele tinha três esposas; uma era turca, que ouvindo os cânticos do escravo, sensibilizou e quis saber o significado do que ele cantava. Ela, ciente da história, censurou o marido por ter abandonado uma religião tão bonita. O patrão de Vicente, arrependido, propôs ao escravo a fugirem para a França. Esta fuga só foi realizada 10 meses depois.
Em um pequeno barco, atravessaram o Mar Mediterrâneo e foram dar na costa francesa, em Aignes Nortes e de lá foram para Avinhão. Nesta cidade encontraram o Vice-Legado do Papa. Vicente voltou à condição de padre e o renegado abjurou publicamente e voltou para a Igreja Católica.
Padre Vicente e o renegado, ficaram residindo em casa do Vice-Legado. Tendo este de viajar a Roma, levou os dois em sua companhia. Padre Vicente aproveitou a estadia nesta cidade e freqüentou a Universidade, formando em Direito Canônico. O renegado pediu para ser admitido em um Mosteiro e tornou-se monge.
Tendo o Papa de mandar um documento sigiloso para o Rei da França, padre Vicente foi o escolhido. Pelos serviços prestados o Rei indicou-o como Capelão da Rainha. Seu serviço era distribuir esmolas para os pobres que rodeavam o Palácio, e visitar os doentes do Hospital da Caridade, em nome da Rainha.
Padre Vicente não gostava do ambiente do Palácio e passou a morar em uma pensão, no mesmo quarto com um juiz. Certo dia amanhecera doente; o empregado da farmácia que vai atendê-lo, precisando de um copo, vai apanhar em um armário, e viu alí um dinheiro, que era do juiz, e ficou com ele. Na volta do juiz, não encontrando seu dinheiro, quis que padre Vicente desse conta dele; como ele não sabia do acontecido, o juiz colocou-o para fora do quarto e coluniou-o de ladrão.
Padre Vicente fica conhecendo o padre Berulle, que mais tarde foi nomeado Bispo de Paris, e indicou-o para vigário de Clichy, subúrbio de Paris.
Paróquia pobre, a maioria de seus habitantes eram horticultores. Padre Vicente se deu bem com eles; as missas eram bem participadas e instituiu a comunhão geral nos primeiros domingos o mês. Criou a Confraria do Rosário, para todos os dias visitar os doentes. Padre Vicente atendendo ao padre Berulle, deixa a paróquia e vai ser o preceptor dos filhos do general das Galeras.
Foi residir no Palácio dos Gondi, família rica e da alta nobreza. Eles tinham grandes propriedades e padre Vicente, em companhia da senhora De Gondi, visita uma destas propriedades; é chamado para atender um agonizante e assiste sua confissão. Este disse para a senhora De Gondi, que se não fosse a presença do sacerdote, ele iria morrer em grandes faltas e ia permanecer no fogo eterno.
Padre Vicente percebeu que o povo do campo estava abandonado e na missa dominical concitou o povo a fazer a confissão geral. Teve que arranjar outros padres para ajudá-lo nas confissões, tantos eram os que queriam confessar.Padre Vicente esteve morando com a família Gondi 5 anos. Simulou a necessidade de ir a Paris e Atendendo o chamado do padre Berulle, padre Vicente volta para morar em casa dos Gondi, onde fica mais 8 anos.
Com o auxílio da senhora De Gondi, funda a Congregação das Missões e a Confraria da Caridade; a primeira cuida da evangelização dos camponeses e a segunda daria assistência espiritual e corporal aos pobres, isto em 1618. Em Folevile funda uma Confraria de Caridade para homens, em 23/10/1620.
A Congregação das Missões surgiu espontaneamente. Padre Vicente conseguiu alguns colegas para pregações aos camponeses; exigia deles a simplicidade nas pregações, para o povo entender e rapidamente ela foi aumentando. No princípio alugaram uma casa para sua moradia. Com o aumento mudaram para um velho Colégio.
O número aumentava. Um cônego que dirigia um leprosário sem doentes ofereceu em doação os prédios do leprosário para residência dos padres.
A instituição demorou de 1625 até 12 de janeiro de 1633, quando recebeu a Bula do papa Urbano VIII, reconhecendo a Instituição.
Padre Vicente sempre preocupou com as crianças enjeitadas e abandonadas, com os velhos e com os pobres e doentes. Durante sua vida criou grandes obras, que até hoje estão prestando serviços à humanidade.
A primeira irmã de caridade foi uma camponesa de nome Margarida Nasseau, que, com a orientação de Luiza de Marilac, ele estabeleceu a Confraria das Irmãs da Caridade. Elas eram 4 camponesas, hoje são centenas. Isto se deu em 29 de novembro de 1633.
Padre Vicente criou tantas obras, que em pouco tempo não é possível enumerá-las; a história de sua vida é uma beleza. A seu respeito existe biografias, que poderão serem estudadas por vocês. Padre Vicente tinha quase 80 anos quando faleceu, dia 27 de setembro de 1660.
Em 16 de junho de 1737 foi canonizado pelo papa Clemente XII, e em 12 de maio de 1885 é declarado patrono de todas as obras de caridade da Igreja Católica, por Leão XIII.
Seu corpo repousa na Capela da casa-mãe – São Lázaro, em Paris.

Dom Hélder Câmara


Sete de fevereiro de 1909. Nasce em Fortaleza, Ceará, Hélder Pessoa Câmara, um menino franzino que será conhecido em todo o mundo como o "Peregrino da Paz"e "Irmão dos Pobres".

1931: Hélder Pessoa Câmara ordena-se sacerdote aos 22 anos de idade.
Em 1946, recebe convite para assessorar o arcebispo do Rio de Janeiro. Preocupado com os problemas sociais, lança-se com entusiasmo ao trabalho assistencial , ao lado inauguração de rede da agua nas favelas cariocas.
Resultam de seu empenho a famosa Cruzada de São Sebastião e o Banco da Providência.
Em 1952, nomeado bispo-auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Hélder funda a CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, da qual torna-se secretário-geral por 12 anos. As atividades da CNBB levam à criação da CELAM, Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano. 

A vivência assistencial, mais os debates na CNBB e na CELAM, convencem Dom Hélder de que à Igreja não compete apenas a caridade e a orientação espiritual. É preciso enfrentar os problemas sociais e engajar-se na luta do povo por melhores condições de vida.
Na verdade, Dom Hélder estava se antecipando à renovação proposta pelo Papa João 23 no Concílio Ecumênico Vaticano II, em 1962.
Sua presença no concílio, despojado das vestes episcopais, com a aparência frágil e a palavra forte, torna-o símbolo de uma nova igreja: a Igreja dos Pobres. Dezessete de abril de 1964. Dias depois do golpe militar, Dom Hélder, recém-empossado arcebispo de Olinda e Recife, divulga um manifesto apoiando a ação católica operária em Recife.
A reação dos militares é imediata. Duas circulares acusam o novo arcebispo de "demagogo"e "comunista". Dom Hélder Câmara torna-se persona non grata do regime militar. Proibido de falar no Brasil, Dom Hélder passa a aceitar os convites para conferências e pregações no exterior.

No final dos anos 60 e início da década de 70, o Brasil vive o período mais repressivo da ditadura militar. O padre Antônio Henrique, assessor de Dom Hélder , é preso, torturado e morto. Outros vinte colaboradores de sua arquidiocese são presos e torturados.

Em Paris, no dia 26 de maio de 1970, Dom Hélder faz um forte pronunciamento, em que denuncia, pela primeira vez no exterior, a prática de tortura a presos políticos no Brasil.

A coragem de Dom Hélder o transforma em personagem do mundo, um símbolo de resistência à ditadura.Em 1972, seu nome é indicado para o Prêmio Nobel da Paz.
O governo militar, no entanto, destrói sua candidatura: divulga na Europa um dossiê acusando o arcebispo de ter sido comunista.

A partir de 1978, o governo brasileiro inicia uma lenta abertura política. Aos poucos, cessam as perseguições . Dom Hélder dedica-se mais do que nunca a aplicar a "Teologia da Libertação" em sua arquidiocese.

Em 1985, ao se aposentar, deixa mais de quinhentas comunidades de base organizadas, que reúnem operários, trabalhadores rurais, retirantes e pescadores, em luta por melhores condições de vida.

Dom Hélder participa da campanha pelas "Diretas Já". Pouco depois, durante a Assembléia Nacional Constituinte, percorre o país realizando debates e palestras de conscientização para a cidadania.

Aos 80 anos de idade, sempre atuante, Dom Hélder Câmara lança-se à articulação de uma campanha pela erradicação da miséria no país. A primeira e principal proposta é lutar por uma reforma agrária, para colocar o Brasil no caminho da justiça social.


"Temos de entrar no Terceiro Milênio sentados à mesa, comendo, saudáveis, fraternos, abrigados do frio, da chuva e do vento."
Dom Hélder Câmara  

São Francisco




São Francisco de Assis nasceu na cidade de Assis, na Itália, em 1181. Filho de um rico comerciante de tecidos, Francisco Bernardone, nome de batismo, tirou todos os proveitos de sua condição social vivendo entre os amigos boêmios. Tentou como o pai seguir a carreira de comerciante, mas a tentativa foi em vão.
Sonhou então, com as honras militares. Aos vinte anos, alistou-se no exército de Gualtieri de Brienne que combatia pelo papa, mas em Spoleto teve um sonho revelador.
Foi convidado a trabalhar para "o Patrão e não para o servo". Suas revelações não parariam por aí. Em Assis, o santo dedicou-se ao serviço de doentes e pobres. Um dia do outono de 1205, enquanto rezava na igrejinha de São Damião, ouviu a imagem de Cristo lhe dizer: "Francisco, restaure minha casa decadente". O chamado ainda pouco claro para São Francisco foi tomado no sentido literal, e o santo vendeu as mercadorias da loja do pai para restaurar a igrejinha. Como resultado, o pai de São Francisco, indignado com o ocorrido, deserdou-o.
Com a renúncia definitiva aos bens materiais paternos, São Francisco deu início à sua vida religiosa, "unindo-se à Irmã Pobreza". Fundou a Ordem dos Frades Menores, que em poucos anos se transformou numa das maiores da Cristandade. Fundou, com Clara de Assis, o ramo feminino da mesma Ordem. Para os leigos que viviam no mundo, mas desejavam ser fiéis ao espírito de pobreza e participar das graças e privilégios da espiritualidade franciscana, fundou também a Ordem Terceira.
A devoção a Deus não se resumiria em sacrifícios, mas também em dores e chagas. Enquanto pregava no Monte Alverne, nos Apeninos, em 1224, apareceram-lhe no corpo as cinco chagas de Cristo, no fenômeno denominado "estigmatização". Os estigmas não só lhe apareceram no corpo, como foram sua grande fonte de fraqueza física e, dois anos após o fenômeno, São Francisco de Assis foi chamado ao Reino dos Céus.
O amor de Francisco tem um sentido profundamente universalista. Ninguém como ele irmanou-se tanto com todo o universo: foi irmão do sol, da água, das estrelas, das aves e dos animais. O "Cântico ao Sol", em que proclama seu amor a tudo que existe, é uma das mais lindas páginas da poesia cristã. Canonizado em 1228 por Gregório IX, sua festa é celebrada no dia 4 de outubro.

Madre Teresa de Calcutá


Nasceu no dia 27 de agosto de 1910, em Skopje, Macedônia, seu nome completo era Agnes Gonxha Bojaxhiu, filha de Nicolau e de Rosa. Foi batizada no dia seguinte de seu nascimento.

Sua família era católica de origem albanesa, foi educada numa escola pública, tornou-se solista no coro da igreja ainda jovem. Ingressou na Congregação Mariana, em 1928, entrou para a Casa das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto, em Dublin, Irlanda.

Viajou para Darjeeling, Índia, onde havia um colégio das irmãs de Loreto, onde após um voto de castidade recebeu o nome de Teresa. Logo depois, partiu para Calcutá na missão de lecionar história num colégio de elite.

Sentia-se sensibilizada com a pobreza que cercava a rica escola. Em setembro de 1946, Madre Teresa ouviu um chamado que lhe pedia abandonar o convento de Loreto e ir trabalhar pelos pobres. Em 1948, recebeu autorização do Papa Pio XII, no mesmo ano recebeu a nacionalidade indiana.

Passou a se vestir de branco com debruns azuis em traje indiano, pedia ajuda aos mais abastados nas ruas pelos mais pobres e lutava para manter sua casa de caridade com a ajuda de ex-alunas adeptas, fundando a sua congregação de religiosas.

Em 1979, recebeu o prêmio Nobel da Paz. Faleceu em 5 de setembro de 1997, aos 87 anos de idade.

Mahatma Gandhi



Maohandas Karamchand Ghandi ou, como ficou conhecido, Mahatma Gandhi, foi acima de tudo um ativista da não-violência. Formado em direito, foi um político e líder no movimento de independência da Índia, que era governada pelos ingleses. Nasceu em uma cidade do litoral ocidental, chamada Porbandar, no dia 2 de outubro de 1869. Seu pai era funcionário público, cargo herdado pela família por gerações. Ainda criança casou-se com Kasturba, com quem teve 4 filhos homens.


Prestes a completar 19 anos, em 4 de setembro de 1888, Ghandi parte para a Inglaterra, com o objetivo de estudar Direito. Em 1891, recém-formado retorna à Índia. Sem muitas opções de trabalho na Índia, em abril de 1893, Ghandi parte para a África do Sul, para trabalhar como advogado em uma firma comercial indiana, que desenvolvia atividades naquele país. Foi na África do Sul que ele começou a lutar pelo direitos dos hindus, e a atuar como pacifista.


Retorna à Índia em 19 de janeiro de 1915 (aos 45 anos), sendo que em seu desembarque em Bombaim foi recebido como um herói, por suas lutas em favor dos indianos na áfrica do Sul. Ficava cada vez mais conhecido por suas luta pelos direito do povo, sobretudo dos camponeses e operários mais pobres.


Em 1922, enfrenta pela primeira vez o governo britânico, ao organizar um greve geral. Sua estratégia era a não colaboração com o governo britânico sem violência e de forma pacífica. Em março desse ano foi preso, acusado de rebelião contra o governo, e condenado a 6 anos de prisão. Após 2 anos, em 1924, Ghandi foi solto, pois sofria de apendicite aguda, e precisava passar por uma cirurgia.


Aos 60 anos, em 1929, Ghandi retoma sua luta pela libertação da índia. Nesse ano percorreu toda a Índia. Em 1931 Ghandi vai à Londres, para pedir aos ingleses que concedam a independência a Índia. Foi sua última visita à Inglaterra. Em 1932, novamente na Índia, volta a ser preso, sendo que, nessa época, mais de 32 mil pessoas foram condenadas por crimes políticos. Ghandi só foi solto em maio de 1933, isso porque temiam por sua vida, já que ele insistia em fazer jejum por longos períodos.


Em 8 agosto de 1942, o Congresso Indiano aprovou a resolução “Saiam da Índia”, dirigido somente ao governo britânico, pois as forças armadas britânicas poderiam permanecer. No dia seguinte, Ghandi voltou a ser preso, assim como outros membros do Congresso. A situação então saiu do seu controle, e a violência passou a imperar. Sua esposa, Kasturba (chamada por ele de Ba = Mãe) ficou junto a Ghandi na prisão. Em 22 de janeiro de 1944, Kasturba morreu por complicações cardíacas e bronquite. Foi uma grande perda para Ghandi. Em 6 de maio Ghandi é libertado, graças a pressões públicas e às advertências dos médicos (estava com ascilostomose, malária e disenteria amebiana). Essa foi a última passagem de Ghandi pela prisão.


Em 1947, era grande a hostilidade entre os hindus e os muçulmanos. Uma Guerra Civil se estabeleceu, pois a violência vinha de ambas as partes. Enquanto isso Ghandi pregava a não-violência em suas incansáveis peregrinações. Para ele, a Índia deveria ser unificada.


Em 15 de agosto de 1947, foi oficialmente proclamada a independência no território indiano, já estabelecendo a divisão entre Índia (hindus) e Paquistão (muçulmanos). Nesse dia, Ghandi estava em Calcutá, pois continuava viajando e pregando a paz. Embora a princípio hindus e muçulmanos tenham festejado a independência de braços dados, a paz não durou muito. Isso porque iniciou-se a maior migração cruzada da história. Aproximadamente 12 milhões de pessoas fugiam: os Muçulmanos que estavam na Índia fugiam para o Paquistão e os hindus que estavam no Paquistão fugiam para a Índia. Em um ano e meio morreram 500 mil pessoas.


Em 1948 retornou a Delhi. Também lá assustou-se com as atrocidades cometidas, pois grupos de hindus expulsavam de forma violenta os muçulmanos que ainda restavam. Em cada surto de violência, Ghandi realizava outro jejum, em favor da união entre as comunidades. Interrompia o jejum quando o surto de violência passava. Os hindus temiam causar a morte de Ghandi, e os muçulmanos temiam as represálias, caso Ghandi morresse durante um desses jejuns.


No dia 30 de janeiro de 1948, após o termino de um jejum que havia durado 5 dias, Ghandi foi assassinado com três tiros pelo hindu Nathuram Vinayak Godse, no jardim de sua casa, onde estava sendo realizada uma grande reunião de orações. Godse matou Ghandi por que era contra a tolerância religiosa pregada por ele, o que teria causado a criação do Paquistão, contra a qual era contra.


O cortejo fúnebre, realizado no dia seguinte, durou 5 horas, em uma procissão acompanhada por milhões até o rio Yamuna, onde seu corpo foi colocado em uma jangada e incinerado, conforme a tradição hindu.



Bibliografia



GOLD, Gerald. Gandhi : uma biografia fotográfica. Rio de Janeiro: F. Alves, 1983.

Sidarta Gautama - Buda

Buda não é o nome de uma pessoa, mas um título: significa "aquele que sabe a verdade" ou "aquele que despertou", aplicado a alguém que atingiu um nível superior de entendimento. Dessa forma, houve vários budas na história do budismo. De todos, o primeiro, Sidarta Gautama, é considerado o mais brilhante e também o fundador do budismo, no século 6 a.C., isto é, há mais de 2.600 anos.

A história desse personagem é mesclada de lendas, pois naquela época não havia a preocupação de fazer registros de fatos. Sabe-se que o príncipe Sidarta ("aquele que realiza todos os desejos") nasceu em Lumbini, região localizada nas planícies de Terai, no norte da Índia, território hoje pertencente ao Nepal. Era filho dos reis da dinastia Sakia. Sua mãe, a rainha Maya, morreu sete dias após o parto.

O reino dos Sakia era apenas uma pequena tribo que estava ameaçada de ficar sob o governo das potências vizinhas. Por isso, esperava-se que Sidarta se tornasse um líder político e guerreiro. Mas o jovem príncipe logo demonstrou uma tendência à meditação, ao pensamento filosófico e espiritual.

Preocupado, seu pai, o rei Sudoana, tentou afastá-lo desse caminho. Providenciou para que Sidarta se casasse cedo e vivesse rodeado de luxo, afastado dos problemas da população. Também deu-lhe treinamento especial em literatura e artes marciais.

Foi em vão. Tudo isso só fortaleceu a convicção do príncipe de que a vida só podia oferecer vaidade e sofrimento. Ao atravessar a cidade ele teve contato com a realidade da velhice, da doença, da miséria e da morte. Sidarta entrou em profunda crise existencial: toda sua vida lhe pareceu uma mentira. Com isso, aos 29 anos, deixou seu palácio e título, e iniciou sua busca para atingir a iluminação, para desvendar o problema do sofrimento humano.

Em suas andanças, havia encontrado um monge que vivia de esmolas e observara que apesar da situação miserável, ele tinha um olhar sereno. Assim, juntou-se a um grupo de brâmanes (sacerdotes da religião hindu) dedicados a uma vida ascética, isto é, feita de orações, privações, muita disciplina e mortificações. Mortificar-se é castigar o corpo com jejuns, provocar o próprio sofrimento físico e mental, torturar-se como meio de inibir certos desejos.

Sidarta passou seis anos aprendendo tudo que esses religiosos tinham para lhe ensinar. E percebeu que mortificar-se era inútil: levar o organismo a limites extremos de dor e privação não conduzia à compreensão da vida para atingir a libertação do sofrimento. Essa situação era o extremo oposto do que ele já havia experimentado, ao viver entre excesso de prazeres na corte de seu pai. Foi assim que o místico chegou ao conceito de Caminho do Meio, a busca de uma forma de vida equilibrada, com disciplina suficiente para evitar esses extremos de prazer e dor, pois ambos impediam a clareza de pensamento.

Os brâmanes ficaram escandalizados com esse conceito e o abandonaram. Sozinho, ele prosseguiu e procurou conhecer a si mesmo. Diz a lenda que Sidarta se sentou para meditar sob uma figueira, a árvore Bodhi. Ali, conheceu a dúvida sobre o sucesso de sua empreitada, ao ser questionado pelo demônio chamado Mara, que simboliza o mundo das aparências e é representado em muitas ilustrações na forma de uma cobra naja.

Diz a lenda que Mara ofereceu o nirvana a Sidarta, o estado permanente e definitivo de beatitude, felicidade e conhecimento. Essa era a meta suprema do homem religioso, obtida através de disciplina ascética e meditação. A oferta foi tentadora, mas Sidarta percebeu que isso o levaria a se distanciar do mundo e o impediria de passar seus ensinamentos adiante.

E não era essa sua intenção: ele estava ligado a todos os homens, todos eram seus irmãos e irmãs que precisavam de orientação para viver melhor.
Assim Sidarta se transformou, por volta dos 40 anos, no Buda, o iluminado. Começou na cidade de Benares (hoje Varanasi, na Índia) a ensinar o darma, isto é, o caminho para o amadurecimento e a libertação de boa parte do sofrimento na vida terrestre. A essa altura, o número de seguidores (discípulos) do budismo já havia crescido bastante, incluindo seu filho e sua esposa. Continuou suas pregações na região norte da Índia por mais 40 anos, até sua morte, convertendo numerosas pessoas e combatendo os brâmanes.

Buda sempre enfatizou que ele não era um deus e que a capacidade de se tornar um buda pertencia ao ser humano, porque este possui grande potencial para a sabedoria e a iluminação, os objetivos do budismo. De acordo com a tradição, suas últimas palavras foram:
"Tudo passa. Apliquem-se em buscar a salvação".

Jesus Cristo






Jesus Cristo (4 a.C. - 30 d.C.)

Judeu da Galiléia e fundador do Cristianismo, nascido em Belém, cidade da Judéia meridional, nos últimos anos do reinado de Herodes o Grande, quando Roma dominava a Palestina e Augusto era o imperador. Independente da óptica religiosa, produziu uma das alterações mais profundas na história das civilizações, seja como sua imagem de Filho de Deus ou de moralista sonhador ou de revolucionário. O aparente paradoxo sobre o ano de seu nascimento deve-se a um erro de datação atribuído ao monge Dionísio o Pequeno, encarregado pelo papa, no século V, de organizar um calendário, e o dia 25 de dezembro foi fixado no ano 440 da nossa era como data do seu nascimento com o fim de cristianizar a festa pagã realizada naquele dia. O principal testemunho sobre sua existência são os quatro evangelhos, base da fé cristã, onde estão relatadas suas palavras e obras e as reações de seu povo, escritos originalmente em grego, se bem que o de Mateus pode provir de um texto anterior, em aramaico, aparentemente escritos antes do ano 80, exceto o de João, escrito no final do século I. Esses escritos coincidem entre si e com relatos de historiadores da época, como o judeu Flávio Josefo, historiador da corte romana de Domiciano e o maior dos historiadores romanos, Tácito. Filho de José, carpinteiro de Nazaré, na Galiléia, e sua esposa, a Virgem Maria, nasceu quando seus pais estavam em Belém por causa de um recenseamento. Como a notícia de que teria nascido aquele que seria o rei dos judeus, e como não sabia do seu paradeiro, Herodes ordenou uma matança de todas os meninos de Belém e no seu território, com até dois anos de idade (Mt 2:16), mas ele escapou da matança porque seus pais fugiram para o Egito, onde permaneceram até a morte de Herodes, alguns meses após, quando então José decidiu regressar com sua família e estabeleceu-se em Nazaré, e onde Jesus passou a maior parte de sua vida trabalhando com o pai nas tarefas de carpintaria. Sua primeira aparição pública, aos 12 anos, segundo Lucas, deu-se quando a família visitava Jerusalém e seus pais o encontraram entre os doutores do Templo, ouvindo-os e interrogando-os. Segundo a tradição, aos trinta anos encontrou-se, na Judéia, com seu primo João Batista, filho de Zacarias, famoso na região do Jordão por pregar o batismo como sacramento de penitência para o perdão dos pecados, sendo também por João batizado. Iniciou a pregação da boa nova, o evangelho para os gregos, ou seja, a realização das profecias sobre o Messias e a instauração do reinado de Deus sobre o mundo a partir de Israel. Seguiu-se então acontecimentos impressionantes como o jejum no deserto, durante quarenta dias e quarenta noites, o episódio das bodas de Caná, primeira manifestação do seu poder divino, a expulsão dos mercadores do templo, a prisão de João Batista e o episódio da mulher samaritana. Iniciando sua pregação intinerante e a realização dos inúmeros milagres, foi da Samaria à Galiléia e, rejeitado em Nazaré, chegou a Cafarnaum, às margens do lago Tiberíades ou mar da Galiléia, onde aconteceu op episódio da pesca milagrosa, e catequizou seus primeiros apóstolos: Simão Pedro, seu irmão André e os filhos de Zebedeu, Tiago e João, mais Filipe e Natanael, ex-discípulos de João Batista. Aos 31 anos completou seus 12 apóstolos, todos eles galileus, realizou o famoso sermão da montanha e pregou suas mais notáveis parábolas, com as quais transmitia sua doutrina ao povo, aos sacerdotes e a seus seguidores. No período de seus 32 anos aconteceu a morte de João Batista por ordem de Herodes Antipas, e os dois grandes milagres: a multiplicação dos pães e dos peixes e a ressurreição de Lázaro. Também neste período ensinou no templo de Jerusalém, estabeleceu o primado de Simão, a quem chamou Pedro, e em presença dele, de Tiago e de João, realizou o prodígio da transfiguração e entrou triunfante em Jerusalém. À época do seu nascimento, a Galiléia era um conhecido foco da resistência judia contra Roma. O povo judaico esperava por um salvador revolucionário e libertador que recuperasse sua independência política perdida desde o exílio da Babilônia, no fim do século VI a. C., e depois de dominados por outros povos, tinham passado ao poder de Roma (63 a.C). Portanto a sua pregação, para muitos judeus, estava longe de ser coerente com a missão divina de ser o rei dos judeus. Aos 33 anos, foi considerado blasfemo e acusado de conspirar contra o César, quando Tibério era o imperador de Roma. Aprisionado no horto de Getsâmani, foi levado até ao pontífice Anás e, ante Caifás, o príncipe dos sacerdotes, com quem se haviam reunido os escribas e os anciões, e passou a ser submetido a um processo religioso. Mais tarde, foi conduzido à residência do procurador romano da Judéia, Pôncio Pilatos, que sem entender a revolta da polpulação, o enviou a Herodes Antipas. Por um gesto político de Herodes, foi devolvido a Pilatos, que não achando delito nenhum naquele homem, mas diante à pressão dos chefes de Israel e de uma multidão incitada por eles, ainda propôs uma permuta de prisioneiros. Porém a maior parte da multidão optou pela soltura do prisioneiro político Barrabás quando da opção de troca proposta pelo governo. Então pronunciou a sentença da condenação de Jesus à morte na cruz, depois de declarar-se inocente de seu sangue. De acordo com as leis romanas, foi flagelado e teve que carregar a cruz até a colina do Calvário, no monte Gólgota. Ali foi crucificado junto com dois malfeitores comuns, no dia 7 de abril (30), com pouco mais de 33 anos de idade.

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