Dom Hélder Câmara


Sete de fevereiro de 1909. Nasce em Fortaleza, Ceará, Hélder Pessoa Câmara, um menino franzino que será conhecido em todo o mundo como o "Peregrino da Paz"e "Irmão dos Pobres".

1931: Hélder Pessoa Câmara ordena-se sacerdote aos 22 anos de idade.
Em 1946, recebe convite para assessorar o arcebispo do Rio de Janeiro. Preocupado com os problemas sociais, lança-se com entusiasmo ao trabalho assistencial , ao lado inauguração de rede da agua nas favelas cariocas.
Resultam de seu empenho a famosa Cruzada de São Sebastião e o Banco da Providência.
Em 1952, nomeado bispo-auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Hélder funda a CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, da qual torna-se secretário-geral por 12 anos. As atividades da CNBB levam à criação da CELAM, Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano. 

A vivência assistencial, mais os debates na CNBB e na CELAM, convencem Dom Hélder de que à Igreja não compete apenas a caridade e a orientação espiritual. É preciso enfrentar os problemas sociais e engajar-se na luta do povo por melhores condições de vida.
Na verdade, Dom Hélder estava se antecipando à renovação proposta pelo Papa João 23 no Concílio Ecumênico Vaticano II, em 1962.
Sua presença no concílio, despojado das vestes episcopais, com a aparência frágil e a palavra forte, torna-o símbolo de uma nova igreja: a Igreja dos Pobres. Dezessete de abril de 1964. Dias depois do golpe militar, Dom Hélder, recém-empossado arcebispo de Olinda e Recife, divulga um manifesto apoiando a ação católica operária em Recife.
A reação dos militares é imediata. Duas circulares acusam o novo arcebispo de "demagogo"e "comunista". Dom Hélder Câmara torna-se persona non grata do regime militar. Proibido de falar no Brasil, Dom Hélder passa a aceitar os convites para conferências e pregações no exterior.

No final dos anos 60 e início da década de 70, o Brasil vive o período mais repressivo da ditadura militar. O padre Antônio Henrique, assessor de Dom Hélder , é preso, torturado e morto. Outros vinte colaboradores de sua arquidiocese são presos e torturados.

Em Paris, no dia 26 de maio de 1970, Dom Hélder faz um forte pronunciamento, em que denuncia, pela primeira vez no exterior, a prática de tortura a presos políticos no Brasil.

A coragem de Dom Hélder o transforma em personagem do mundo, um símbolo de resistência à ditadura.Em 1972, seu nome é indicado para o Prêmio Nobel da Paz.
O governo militar, no entanto, destrói sua candidatura: divulga na Europa um dossiê acusando o arcebispo de ter sido comunista.

A partir de 1978, o governo brasileiro inicia uma lenta abertura política. Aos poucos, cessam as perseguições . Dom Hélder dedica-se mais do que nunca a aplicar a "Teologia da Libertação" em sua arquidiocese.

Em 1985, ao se aposentar, deixa mais de quinhentas comunidades de base organizadas, que reúnem operários, trabalhadores rurais, retirantes e pescadores, em luta por melhores condições de vida.

Dom Hélder participa da campanha pelas "Diretas Já". Pouco depois, durante a Assembléia Nacional Constituinte, percorre o país realizando debates e palestras de conscientização para a cidadania.

Aos 80 anos de idade, sempre atuante, Dom Hélder Câmara lança-se à articulação de uma campanha pela erradicação da miséria no país. A primeira e principal proposta é lutar por uma reforma agrária, para colocar o Brasil no caminho da justiça social.


"Temos de entrar no Terceiro Milênio sentados à mesa, comendo, saudáveis, fraternos, abrigados do frio, da chuva e do vento."
Dom Hélder Câmara  

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