Abbé Pierre – Pobre entre os pobres


Um dia, o Abbé Pierre, um sacerdote francês, acolheu em sua casa George, assassino, ex-preso, que já havia tentado se suicidar, e lhe disse: "Não tenho nada para lhe oferecer. Mas você quer me ajudar na construção de casas para pessoas sem-teto?". Assim começou Emaús, um movimento agora espalhado no mundo inteiro. As Comunidades de Emaús são compostas por pobres que, através do trabalho de recuperação e reutilização daquilo que é jogado fora, ganham honestamente seu sustento e se permitem o "luxo" de ajudar quem se encontra em condições piores.
A primeira vocação de Henri Antoine Groués (este é o nome de batismo do Abbé Pierre) foi franciscana: ingressou na ordem dos capuchinhos, mas saiu poucos anos depois, por motivos de saúde, sendo admitido no clero de uma diocese da França. Mas sua alma ficou sempre fortemente marcada pelo amor à pobreza e aos pobres. Viveu os primeiros anos de seu sacerdócio no período da Segunda Guerra Mundial, dedicando-se à atividade perigosa de salvar as pessoas da polícia secreta nazista: falsificava passaportes, levava judeus e poloneses além da fronteira. Organizou um grupo de resistência armada até ser preso, mas conseguiu fugir escondido num saco do correio, num avião para a Argélia.
Depois da guerra, voltou a Paris e foi eleito deputado da Assembléia Nacional, que deixou por protesto contra uma lei eleitoral que ele julgava injusta. Era o ano de 1951. A partir daquele tempo, dedicou-se inteiramente ao Movimento Emaús, que havia iniciado dois anos antes. Sua atividade se dividiu entre a multiplicação das Comunidades Emaús e contínuas viagens para palestras e encontros, lançando campanhas em favor dos pobres, encontrando chefes de estado e expoentes das diversas Igrejas e religiões. Algumas das suas frases se tornaram famosas:
"Pobres que se tornam doadores e provocadores daqueles que têm e não fazem nada".
"Servir e fazer servir primeiramente os mais sofredores é a fonte da verdadeira paz". "A miséria julga o mundo e prejudica toda possibilidade de paz".

"Viver é tornar acreditável o amor; é vingar o homem, amando". Atualmente, o Abbé Pierre vive numa comunidade junto com pessoas idosas e doentes do Movimento, esperando "as grandes férias", como ele define a viagem definitiva. Porém, não fica trancado. Quando alguma necessidade o chama, sai para defender os direitos dos migrantes, dos sem teto, ocupando praças e casas não alugadas, obrigando as autoridades a encontrarem uma solução definitiva.
O Movimento Emaús não se limita a enfrentar os problemas concretos dos pobres, mas procura construir a solidariedade entre o Norte e o Sul do mundo e luta politicamente contra as causas da miséria. O Abbé Pierre testemunha uma dimensão fundamental da missão: o amor à pobreza e aos pobres. Não simplesmente, porém, no sentido comum, de dar uma ajuda, mas vendo neles os protagonistas da própria libertação e da redenção do mundo.
Paulo dizia: "Quando sou fraco, então é que sou forte" (2Cor 12,10). Um dos perigos da missão é confiar nos meios humanos, nas próprias capacidades, naquilo que parece dar resultados. Mas isso vai contra a lógica da cruz, proclamada mais uma vez por Paulo: "A loucura de Deus é mais sábia do que os homens e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens" (1Cor 1,25). A vida do Abbé Pierre é um grito no coração da missão: o "lixo" da sociedade se torna matéria para a construção do Reino.


Fonte: http://www.pime.org.br/mundoemissao/espiritmpobres.htm

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