A Morte e o Sempre do Além do Tempo

Eu vivi desde sempre na impaciência da morte.
Na minha fé, creio que a morte é uma separação dolorosa para aqueles que ficam mas, para aquele que parte, é um encontro fantástico: com a imensidade de Deus; com a multidão, talvez com cem mil milhões de seres humanos que viveram desde que o homem existe. Este encontro exalta-me. É uma sede de sol e de água cristalina... Para mim, serão as minhas férias grandes...

Abbé Pierre - RTL. 1 de Fevereiro de 1994.


Não é da separação que a morte provoca que eu estou impa ciente, ah não!, mas do encontro. Encontro do Amor eterno que é o saciar da nossa fome... e da de todos os irmãos e irmãs humanos conhecidos e desconhecidos, inúmeros, que partiram antes de nós... e de vós que eu amo, mas com quem a intimi dade permanece paralisada, longínqua, enquanto nós estamos encerrados nos limites e nos entraves do tempo...

Abbé Pierre - «Emmaus ou Venger l'homme». 1979.


Vivendo, nós vivemos rodeados de sombras. Nós queremos conhecer, nós queremos amar, nós queremos, nós queremos, e incessantemente somos confrontados com as nossas limitações. Depois da morte, nós estamos naquilo que eu chamo «o sempre do além do tempo».

Abbé Pierre - Abadia de Saint-Wandrille. 1992.


Pensando na morte, estou feliz como uma noiva que espera o seu noivo e que tem confiança. Eu estou feliz porque ele vai chegar. E impaciente porque ele está atrasado...

Abbé Pierre - Mensagem às crianças de 8 a 14 anos.
Esteville, Outubro de 1993.



Se, durante a nossa vida, pomos a mão na mão dos pobres, na hora de morrer, encontramos a mão de Deus na nossa outra mão.

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